Morfossintaxe da Língua Inglesa

Roteiro de
Estudos

Autor: Me. Jeferson Cipriano de Araújo
Revisor: Joana d’Arc da Penha Batista

Caro(a) estudante, a morfossintaxe tem feito parte das discussões de ensino e aprendizagem de línguas em contextos bilíngues, sendo uma área que visa compreender as orações tanto da perspectiva morfológica quanto sintática. Uma se volta à análise individual de cada componente entre as palavras que compõem uma frase. A outra trata da função de cada elemento integrante da frase e busca uma unidade de sentido entre si. Diante dessas considerações, a disciplina se torna basilar à formação do professor de inglês, já que abarca uma visão sistêmica, funcional e interdisciplinar do ensino de gramática.

Ao ler este roteiro, você irá:

  • refletir sobre o ensino de gramática da Língua Inglesa;
  • identificar a relevância da interface morfologia e sintaxe;
  • compreender fundamentos gramaticais da Língua Inglesa;
  • desenvolver competências analítico-descritivas;
  • reconhecer aspectos morfossintáticos da Língua Inglesa;
  • refletir sobre implicações e relevância dos estudos morfossintáticos à área de ensino e aprendizagem em contextos bilíngues.

Introdução

Com o passar dos anos, temos observado que professores de língua inglesa têm intercalado abordagens de ensino que favorecem o uso da língua em primeira instância em detrimento daquelas que focam em fórmulas da língua e análise. Essa variação se deve, fundamentalmente, ao modo como alguém aprende a se comunicar em uma língua estrangeira, por exemplo, em uma situação de imersão, ou se alguém aprende a se comunicar em uma segunda língua por meio da aprendizagem lexicogramática, em outras palavras, por meio de vocabulários e estruturas gramaticais. O ponto a ser discutido é como conseguir passar por essas duas vertentes e fazer com que seus alunos dominem o inglês.

Desse modo, Larsen-Freeman (1986) discute que nenhuma abordagem é totalmente bem-sucedida. Tudo dependerá do objetivo comunicativo a ser alcançado pelos alunos em seus contextos. Para alguns, estudos focados na estrutura de uma língua podem ser extremamente limitantes. Assim, talvez, o mais importante a ser feito, ao invés de enfatizar o uso da língua ou a análise linguística dentro do ensino e aprendizagem em contextos bilíngues, fosse promover situações de ensino e aprendizagem que ajudem todos os aprendizes no desenvolvimento do que querem e precisam aprender.

Antes de prosseguir, é importante estabelecermos uma definição de ensino da habilidade gramatical que atenda às duas abordagens, em outras palavras, uma abordagem que dê conta da estrutura da língua-alvo e a outra do uso comunicativo. Dentro dessa visão, considera-se o modo em que a gramática funciona a partir de três eixos: morfológico (subsentencial), nível sintático (sentencial) e nível discursivo (suprasentencial). É imprescindível à área de ensino e aprendizagem de línguas em contextos bilíngues saber operacionalizar com esses eixos, pois, na atualidade, estamos nos distanciando de uma abordagem mais focada em visões mais tradicionalistas e estruturais, já que, com base nesse enfoque, deixam de contemplar atividades nos níveis suprasentenciais ou discursivos.

Análise Linguística e Descritiva

Nesta seção, pretendemos refletir sobre a definição de ensino da habilidade gramatical dentro da área de ensino e aprendizagem de línguas em contextos bilíngues. Assim, considerando a perspectiva de estudos da linguagem, com base nas considerações teóricas de Widdowson (1988), conseguimos assimilar que, mesmo adotando uma abordagem comunicativa, é emergente no trabalho de sala de aula um envolvimento com estruturas da língua-alvo e seu reconhecimento, tornando-se papel central na mediação e aprendizagem dessa língua. Exposto isso, é bastante pertinente, conforme os apontamentos de Larsen-Freeman e Celce-Murcia (1997), aprender a diferenciar o uso da língua gramaticalmente e ser capaz de se comunicar em língua estrangeira não são as mesmas coisas, mas devem fazer parte das discussões do campo de ensino e aprendizagem de línguas para contextos bilíngues, uma vez que competem aos envolvidos, nesse processo, ajudar os aprendizes a alcançarem tanto um quanto o outro.

Nessa direção, precisamos pensar que o ensino de gramática tem sido associado ao ensino de regras. Entretanto, bem sabemos que existem exceções. As regras existem a um propósito útil no ensino e aprendizagem de línguas, já que visam assegurar aos aprendizes uma certa organização da língua aprendida. Larsen-Freeman (1997) destaca essa particularidade ao ponderar que é importante que os professores de línguas entendam que quase toda categoria linguística ou generalização apresenta fronteiras difusas, em outras palavras, a autora postula que uma língua apresenta mutações, sendo suas categorias e regras sujeitas a mudanças geralmente.

Diante dessas considerações, retomamos a alternância por parte dos professores de Inglês entre favorecer abordagens de ensino com foco primário no uso da língua-alvo e aqueles que acreditam que o ensino e aprendizagem devem partir do foco em fórmulas linguísticas e análise. Portanto, dentro do campo de atuação bilíngue, devem fazer parte das ações docentes as atividades que deem conta de ambas visões: estrutura da língua-alvo e uso comunicativo. Dessa forma, pensamos como a gramática opera a partir de três eixos, também denominados por alguns pesquisadores como níveis. Vejamos: nível morfológico ou subsentencial, nível sintático ou sentencial e nível suprasentencial ou discursivo. A título de curiosidade, uma grande parte das escolas públicas, no Brasil, ainda ensina inglês nos níveis subsentencial e sentencial, isto é, só há enfoque em habilidades prescritivistas, deixando de lado o ensino em habilidades integradas.

É primordial termos conhecimento de que distintas partes de um discurso formam as frases em língua inglesa: substantivos, advérbios, adjetivos, verbos, artigos, pronomes, conjunções, preposições e interjeições. Classificar as palavras em inglês é bastante semelhante com a classificação que se estabelece em português, diferenciando-se em determinados aspectos. Em inglês, há uma divisão em dois grupos: em um primeiro, a classe principal de palavras, formada por verbos, advérbios, substantivos e adjetivos; e em um segundo grupo, as classes de palavras compostas por preposições, pronomes e conjunções.

Tomemos um exemplo de frase: She was walking home from school that day . Considerando os eixos ou níveis, temos o nível morfológico/subsentencial : past progressive/continuous = be ( past tense ) + base form of verb + ing = was/were walk + ing = was/were walking : considera-se a estrutura por detrás da frase ou por debaixo. Descreve-se o tempo verbal empregado a partir dos aspectos morfológicos; em outras palavras, o tempo verbal dessa frase consiste no uso de um verbo auxiliar e de certos sufixos ou palavras terminadas em - ing .

Por sua vez, no nível sintático/sentencial , considera-se uma regra de ordem das palavras em uma frase, isto é, em língua inglesa, os verbos são normalmente seguidos de sujeitos e vêm antes de advérbios. Temos, dessa forma, na frase She (subject) + was walking (verb) + home from school that day (adverbials) . Observamos que, com base no nível sintático, o professor consegue identificar e descrever a sintaxe ou o modo de organização e funcionamento de uma frase, também denominada word-order , em língua inglesa. Ter essa noção analítica aguçada contribui bastante para a elaboração de exercícios com foco na forma, a fim de trabalhar as possíveis dificuldades emergentes em sala de aula, uma vez que o professor, trabalhando as particularidades do past progressive , poderia dar encaminhamentos com foco na oralidade e desenvolvimento linguístico-discursivo do tempo verbal estudado e suas situações de uso.

Ainda, pensando no nível sintático, o professor de língua inglesa, em contextos bilíngues, poderia propor contrastes que indicariam o emprego do be verb em interrogativas, indicando que o be verb tensionado é invertido com a posição sujeito, a fim de fazer yes/no questions = Was she walking home from school that day ?

Por fim, temos o nível discursivo/suprasentencial , cuja função é trabalhar aspectos linguísticos-discursivos em sala de aula de língua estrangeira, refletindo sobre os efeitos de sentido de determinados usos tanto sintáticos quanto morfológicos em língua inglesa, mas que, geralmente, são negligenciados pelos professores de língua inglesa.

Há noções oriundas de diferentes escolas linguísticas que perpassam pelo ensino e aprendizagem de línguas dentro da morfossintaxe, sendo elas: acuidade ( accuracy ); significado ( meaningfulness ) e adequação ( appropriateness ). Nesse sentido, é importante entender os interesses de cada área. Os estudos linguísticos veem o ensino da gramática de um prisma interno da consistência; os professores, em contextos bilíngues, de uma lente mais eclética. Em outras palavras, acredita-se que podemos chegar à estrutura da língua inglesa a partir de diferentes tipos de análise linguística. Considerando o exemplo Steve said that Paul hurt himself in the lacrosse game , de uma perspectiva linguística teórica, essa frase pode ser analisada no que diz respeito à estrutura, compreendendo a explicação do fenômeno no nível sentencial, ao explicar, dessa maneira, o uso do pronome reflexivo e seu referente. Se teorias mais funcionais fossem nosso ponto de partida, procuraríamos explicar a ocorrência de determinadas estruturas linguísticas por explorar a função comunicativa na organização discursiva.

Desse modo, como destaca Larsen-Freeman (1991), a gramática pode ser ensinada de forma implícita nas matrizes de ensino e aprendizagem de línguas e culturas anglófonas, desde que os professores inseridos nesses contextos entendam seu papel como mediador ao ajudar os aprendizes a ter a habilidade e a competência de usar as estruturas do Inglês de modo significativo, com exatidão e propriedade. Para a pesquisadora, isso só se dará no momento em que os professores passarem a ensinar “ grammaring ”, isto é, a gramática como uma habilidade ao invés de ensinar a gramática como área do conhecimento.

Livro

Prática de Morfossintaxe: como e por que aprender análise (morfo)sintática

Autora : Inez Sautchuk

Editora : Manole

Ano : 2018

Comentário : ao longo do primeiro capítulo (p. 1-10), você compreenderá, com eficácia, o que é morfossintaxe e qual é a sua importância, assim como serão apresentadas as unidades linguísticas, com a oportunidade de se aprofundar nos níveis de análise.

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A Gramática do Inglês e seus Desdobramentos

Mesmo nos dias atuais, ainda é comum que muitos professores de língua inglesa associem o ensino e aprendizagem ao domínio de regras de uma língua. Essa visão pode ser relevante ao contexto de ensino bilíngue por dois motivos. Primeiramente, por tratar o ensino considerando a estrutura da língua. Isso traz benefícios ao aprendiz, pois, como uma matriz, organiza e orienta a aprendizagem desses alunos. Em um segundo plano, as regras ensinadas perpassam por formulações que parecem ser arbitrárias demais, em outras palavras, pode parecer que ficamos muito tempo presos ao ensino e aprendizagem de regras, quando, na verdade, deveríamos estar bem mais focados no desenvolvimento linguístico-discursivo dos aprendizes em questão.

Ao aprendermos uma língua, utilizamos estratégias de transferência de conhecimento, buscando favorecer os processos de desenvolvimento linguístico. Distintas são as transferências que acontecem entre as línguas no falante bi/multilingue, podendo ser elementos conceituais, linguísticos, dentre outros.  Nesse sentido, ao nos referirmos à estrutura interna das sentenças, assim como às relações internas entre as partes que as compõem, estamos falando das transferências sintáticas. Quando falamos da estrutura das palavras e do modo como essas estruturas refletem quando as relacionamos com outras palavras, estamos nos referindo às transferências morfológicas. Quando a questão envolve o emprego correto de letras e sinais gráficos, estamos falando de transferências ortográficas. Por fim, temos as transferências lexicais, que dizem respeito ao significado e à interpretação de uma palavra, sentença, signo ou expressão.

Nesse sentido, Larsen-Freeman e Celce-Murcia (1997) discutem que as crenças que carregamos sobre o ensino e aprendizagem de línguas podem ajudar a ter uma atitude mais positiva frente ao ensino de gramática, já que damos aos aprendizes razões pelas quais as coisas são do jeito que são, ensinando as funções da gramática da língua inglesa de forma contextualizada. Por isso, é importante aos que atuam em contextos bilíngues a transposição de atividades dos níveis subsentenciais e sentenciais, já que, ao fazerem isso, tornam a aprendizagem de gramática de língua inglesa mais significativa, promovendo a compreensão em torno da interface gramática e comunicação. Isso pode ser contextualizado, no ensino bilingue, com atividades que visam à ativação do conhecimento gramatical dos aprendizes, especificamente quando se engajam em atividades comunicativas.

Outro ponto de partida a ser considerado está na tentativa de vislumbrar o ensino da gramática com o foco comunicativo em mente, reconhecendo que a gramática não se restringe a um conjunto de formas, pelo contrário, envolve três dimensões linguísticas, a saber: morfossintaxe, semântica e pragmática. Desse modo, as estruturas gramaticais não só surgem de um modelo morfossintático, mas também expressam sentido (semântica) dentro de um contexto apropriado de uso da língua-alvo (pragmática). Tal particularidade está centrada na forma ( form ), sentido ( meaning ) e uso (use). Esses três estão inter-relacionados, isto é, uma mudança em um dos aspectos dinâmicos provoca alterações no outro. É importante verificar as três dimensões, sugerindo interação entre as partes, conforme a Figura 1.

Figura 1 - As três dimensões
Fonte: Larsen-Freeman e Celce-Murcia (1997, p. 4).

A pergunta de cada parte do gráfico orienta o trabalho docente na preparação e definição de atividades que visam dar enfoque em cada aspecto representado. Se o enfoque dado lida com a forma, por exemplo, interessa-nos saber como uma estrutura gramatical específica é construída – sua morfologia e sintaxe. Ao lidar com o sentido, queremos saber o que determinada estrutura em língua inglesa significa, em outras palavras, que contribuições semânticas o uso dessa estrutura provoca.

A pragmática, a área que trata acerca do uso no gráfico em referência, lida com questões concernentes às escolhas feitas, quando se usa a língua-alvo. É uma categoria bastante ampla e corrobora muitas discussões. Levinson (1983) discute sua importância ao afirmar que a competência pragmática reflete a relação entre língua e o contexto por meio da gramática, revelando a estrutura de uma língua ensinada.

Assim, a pragmática orienta o uso de uma estrutura particular, permitindo explicar quando ela é usada e o porquê foi usada ao invés de outra com o mesmo significado.

Livro

Morfologia da Língua Inglesa

Autora : Julice Daijo

Editora : SAGAH

Ano : 2017

Comentário : no primeiro capítulo (p. 21-31), você reconhecerá todas as partes do discurso na língua inglesa, a fim de perceber cada uma de suas funções. Você também compreenderá, com eficácia, como ocorre a organização dessas partes do discurso em sentenças, além de saber diferenciar os três tipos de sentenças que existem na língua inglesa.

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Categorias do Léxico em Inglês

Nesta seção, trataremos o léxico não apenas como um conjunto de palavras isoladas, mas também como compostas, considerando, desse modo, grupos de frases já convencionadas ( chunks ). Assim, adotaremos a morfossintaxe de uma perspectiva pedagógica. Nesse sentido, Halliday (1994) discute o ensino e aprendizagem de vocabulário e gramática como distintos, mas tem preferido atrelar as duas áreas de estudos, pensando sobre o desenvolvimento de atividades em sala de aula que compreendam a lexicogramática. Essa abordagem é bastante relevante aos que atuam em contextos bilíngues, já que, sob a perspectiva interlinguística, o que é realizado gramaticalmente em uma língua pode ser realizado lexicalmente em outra.

Ademais, de uma perspectiva intralinguística, notamos que o ensino e a aprendizagem de muitas unidades lexicais, a partir de um conjunto de várias palavras, estão em conformidade com a gramática de uma língua.

Por isso, dentro dos estudos bilíngues, é importante refletir de modo crítico sobre o ensino e aprendizagem de vocabulário, uma vez que o ensino de unidades gramaticais expressa sentidos, compreendidos a partir da forma e do uso. Assim, vemos o léxico com base em três níveis: a) da palavra individual e seus componentes; b) das palavras compostas e coocorrências; c) dos conjuntos de palavras já convencionadas.

Um questionamento que podemos fazer e que nos ajuda a entender como o ensino de vocabulário passa a ser contemplado é: o que significa saber uma palavra? Larsen-Freeman (1997) elucida que saber uma palavra é saber sua: a) ortografia; b) representação fonética (pronúncia, divisão silábica e entonação); c) irregularidade morfológica (quando aplicável); d) aspectos sintáticos e restrições (incluindo partes do discurso); e) derivações comuns e collocations , isto é, combinação de palavras dentro de uma frase; f) aspectos semânticos e restrições; g) aspectos pragmáticos e restrições.

Para compreender como as palavras foram criadas, adaptadas ou segmentadas, podemos nos basear nas operações formais da morfologia. Nesse caso, as operações de afixação ou de composição são as concatenativas; e as mais complexas, são as não concatenativas. No caso de haver repetição de toda uma palavra ou de parte dela, temos uma reduplicação morfológica.

Assim, continuando o percurso, passaremos à forma das palavras para pensarmos à afixação morfológica. Por causa disso, definiremos um morfema como menores unidades linguísticas, as quais possuem significado, abarcando raízes e afixos ou formas livres. Os morfemas podem ser divididos em duas categorias básicas: palavras independentes e morfemas ligados/anexados/afixados/vinculados a outras palavras.

Assim, continuando o percurso, passaremos à forma das palavras para pensarmos a afixação morfológica. Por causa disso, definiremos um morfema como menores unidades linguísticas, as quais possuem significado, abarcando raízes e afixos ou formas livres. Os morfemas podem ser divididos em duas categorias básicas: palavras independentes e morfemas ligados/anexados/afixados a outras palavras.

Primeiramente, os morfemas de palavras independentes consistem em dois tipos de afixos: derivacionais, que são de natureza lexical, e inflexionais, que são de natureza gramatical. Para que possamos compreender essa particularidade, observemos quando um morfema é adicionado a uma palavra, que resulta de uma parte diferente da fala ou da mesma parte da fala com um significado léxico diferente.

Em segundo lugar, verificamos que os morfemas que se associam a outras palavras fazem isso por meio de dois processos de afixação, isto é, a formação de novas palavras de classes diferentes de uma língua por meio de afixos.

Os morfemas alternantes ou alomorfes referem-se a distintas “versões” ou formas e pronúncias de um mesmo morfema, podendo se classificar em alomorfes fonológicos, supletivos, de substituição ou alomorfes zero.

Assim, a morfologia é comumente dividida em dois campos: a morfologia flexional, que estuda as relações entre as diferentes formas de uma mesma palavra; e a morfologia derivacional, que estuda a estrutura das palavras e a maneira pela qual elas se formam.

As formas de significado derivacional em inglês podem variar e ser referentes a agentes, a qualidades ou a adjetivos. Sabemos que muitos sufixos têm seus equivalentes em língua portuguesa e, ainda que existam muitas exceções, demonstram frequência alta de equivalência. Por exemplo, o sufixo “ente”, em português, corresponde a “er”, em inglês; o sufixo “or”, em português, corresponde a “or”, em inglês; o sufixo “ólogo”, em português, corresponde ao “ist”, em inglês; o sufixo “ista”, em português, corresponde a “an”, em inglês.

Já os prefixos se encontram no começo das palavras. Ao compreendermos suas características, é possível entender o que a palavra significa. As derivações por prefixos se distinguem em oito grupos: negação; reversão; pejorativo; grau ou tamanho; atitude; lugar; tempo; e quantidade. Nesses grupos, os mais próximos referem-se a reversão e negação, então, é importante lembrar que reversão tem a ver com “não ter mais”, e negação é o oposto.

Livro

Fundamentos de Inglês

Autoras : Dayse Cristina Ferreira da Silva, Julice Daijo e Liana Paraguassu

Editora : SAGAH

Ano : 2018

Comentário : há muito a se aprender em um idioma, por isso é necessário que você saiba como descrever alguns elementos fundamentais dele. Ao longo do segundo capítulo (p. 141-152), você será apresentado(a) a cada classe de palavras em inglês, de modo a compreender a organização estrutural de uma frase em inglês.

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A Sintaxe do Inglês e suas Funções

Em Inglês, a ordem das palavras dentro de uma frase é menos flexível do que em outras línguas. Uma das razões, segundo estudos na área (LARSEN-FREEMAN, 1998), é que o Inglês traz, em sua composição, bastantes inflexões do Alemão. Isso pode ser observado por:

(1) número de sufixos, isto é, em termos gramaticais, é uma partícula, por assim dizer, que adicionamos ao final de um radical, sendo responsável pela criação de outras palavras, de forma a receber o nome de derivadas. Para exemplificar, temos redeem = redimir; redeem er ; redeem able e redeem ed . Assim, o verbo “redimir” deu origem a outras palavras a partir de sua raiz/radical. Também por meio de sufixos acoplados a substantivos e adjetivos, podemos rastrear e identificar o gênero, o número e o caso;

(2) sufixos em verbos, que refletem o tempo verbal, presente ou passado, bem como se estão flexionados em número e pessoa.

Com base no exposto, a ordem básica subjacente à construção de frases em Inglês é Subject + Verb + Object (S+V+O) = Claire eats an apple = Claire (S), eats (V) an apple (O). Essa estrutura bastante fixa funciona em parceria com as preposições, as quais ajudam a sinalizar as funções semânticas de alguns objetos indiretos. Por exemplo, na frase Joe agrees with Sarah = Subject + Verb + Preposition + Object , a preposição with sinaliza que seu objeto ( Sarah ) está de alguma forma concordando com Joe . Por conseguinte, pode-se afirmar que o Inglês é uma língua S-V-O, como o Francês, o Espanhol e muitas outras línguas.

Entretanto, existe uma diferença grande entre o Inglês e o Francês, por um lado, e o Espanhol, por outro lado: ambos, Inglês e Francês, requerem que um sujeito/substantivo apareça em algumas frases imperativas, enquanto, em Espanhol, não existe essa exigência com frases pronominais. Observe os exemplos: I speak English - Je parle français - ( Yo ) hablo español . Assim, entendemos que, frequentemente, os espanhóis omitem a primeira pessoa do singular, Yo . Os espanhóis apagam os sujeitos pronominais, já que o sistema linguístico do Espanhol apresenta um rico sistema verbal de inflexões que, inequivocamente, a pessoa e o número são indicados.

Dessa forma, estudar sobre um conjunto de regras de estrutura de frases do Inglês, nos níveis sentencial e subsentencial, fornece-nos um dispositivo de análise bastante claro sobre três propriedades básicas importantes à gramática da frase: a) linearidade; b) hierarquia; e c) categorização. Vejamos, com mais detalhes, na sequência.

A propriedade da linearidade explica o fato de que as palavras e os morfemas de qualquer frase em Inglês precisam ser produzidos em algum tipo de sequência, uma vez que não podem ser produzidos todos de uma vez. A ordem S-V-O é um exemplo de linearidade.

Por sua vez, a propriedade da hierarquia de regras explica o fato de que não é suficiente simplesmente especificar as palavras e os morfemas de uma sentença em Inglês e fornecer sua ordem linear; alguns grupos de palavras, por outro lado, contribuem para outros grupos e, finalmente, para grupos maiores.

Ademais, a propriedade restante, a categorização, explica o fato de que algumas palavras e grupos de palavras se comportam gramaticalmente de maneiras muito semelhantes e de maneiras diferentes de outras palavras ou grupos de palavras. Estas podem ser similares em sua distribuição: por exemplo, na posição, podem preencher uma frase ou as inflexões que assumem.

Diante do exposto, depreendemos que recorrer às três propriedades de estruturas das frases em Inglês pode ser uma forma de entender eficazmente a organização e o uso sob enfoque da morfossintaxe.

Livro

Sintaxe da Língua Inglesa

Autora : Dayse Cristina Ferreira da Silva

Editora : SAGAH

Ano : 2017

Comentário : o diálogo é composto por frases e as frases são compostas por palavras que você seleciona e combina. Você já prestou atenção em como as frases são produzidas em Inglês? Ao longo do primeiro capítulo (p. 11-36), você identificará a ordem das palavras nas frases, assim como as diferentes formas de complemento de frases e a classificação de frases e orações em Inglês.

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Coordenação e Subordinação do Inglês

A coordenação, também denominada conjunção, é o processo de combinar duas orações para formar um período composto. Na gramática tradicional, isso é denominado composição, por exemplo, duas frases que são combinadas por meio de uma vírgula, mais uma palavra de ligação, formam uma frase composta. Assim, dois sujeitos que são combinados com a palavra and (e) se classificam como um assunto composto. Existem diversas opções de conjunção em Inglês. Uma delas trata de combinar dois constituintes com uma conjunção coordenativa, como and . Vejamos uma frase:

We enjoyed wine and cheese .

Esse exemplo pode ser tratado como uma simples oração coordenada.

Outra opção existe, com o objetivo de evitar redundâncias. Denominamos esse mecanismo elipse. No exemplo a seguir, o verbo na primeira proposição é omitido, tendo a partícula too sido adicionada. Vejamos algumas frases:

We could see Orion and they could too .

Annie plays softball, and she plays soccer too .

Novamente, destaca-se que, nas orações, os sujeitos são idênticos em ambas as frases. Ademais, com a substituição do pronome she pelo sujeito que se repete, Annie , dá-se para eliminar a redundância, tendo o advérbio too sido acrescentado, buscando o mesmo sentido de also .

Além desse tipo de construção, podemos pensar em uma mais complexa, que usa duas estruturas correlatas, que, aqui, são exemplificadas pelo uso de both ... and . Vejamos um exemplo, contextualizando essa particularidade.

Cecilia is both energetic and ambitious .

Em se tratando de opções sintáticas simples e complexas para períodos coordenados, Celce-Murcia (1992) discute que, talvez, o jeito mais fácil de ensinar e aprender é com base em algumas das seguintes combinações:

She bought bread and butter (noun + noun);

The animal is very big and extremely strong (adjective phrase + adjective phrase);

The boy runs quickly and hide (verb + verb);

She loves walking over the fields and into the trees (preposition + preposition).

Assim, ao fazer um panorama do uso das conjunções coordenativas, percebemos que elas têm: a) finalidade de juntar constituintes sintáticos equivalentes; e b) conduzir ouvinte/leitor a determinadas interpretações, de maneira que as frases se relacionam umas às outras de modo significativo.

Entretanto, ao refletir sobre a subordinação do Inglês, vemos que essas interpretações podem surgir sem o uso das conjunções, mostrando que tanto ouvinte quanto leitor conseguem compreender as intenções do falante/escritor. Isso é relevante, pois, por meio da análise da posição em que ocupam, sintaticamente, as conjunções permitem a ouvintes/leitores inferir conexões entre dois segmentos discursivos – geralmente, expressam frases adjacentes.

Essas expressões recebem o nome de conectores lógicos, também denominados conjunções subordinativas, subordinadas adverbiais ou conjunções adverbiais. Assim, os conectores lógicos servem como dispositivos coesivos, pois são expressões lexicais que visam mostrar relações específicas entre frases do discurso oral ou escrito; logo, trazem o efeito de sentido ao leitor/ouvinte de que as frases combinam ou fazem sentido juntas. Dessa maneira, vemos aparecer como subordinadas adverbiais simples as seguintes expressões: after; although; as; because; before; if; until; once; unless; when ( ever ); where (ver) e while . Já as subordinadas adverbiais complexas são as seguintes expressões: as long as; even if; given that; in order that; so that; provided that, in case .

Dentro dessa perspectiva, destacamos que, quando a frase adverbial aparece no início do período, essa mesma frase adverbial é considerada uma frase modificadora ( modifier sentence ). Observemos, a seguir, alguns exemplos dessa particularidade.

Final: You can see as far as Orcas Island when the sky is clear .

Inicial: When the sky is clear , you can see as far as Orcas Island .

Medial: You can, when the sky is clear , see as far as Orcas Island .

Por fim, em se tratando das conjunções adverbiais, diferentemente das subordinadas adverbiais simples e complexas, essas não subordinam/vinculam frases, pelo contrário, conectam períodos independentes. Alguns termos são denominados como palavras individuais; outras, qualificadas como unidades lexicais. Elas são: additionally; after all; also; alternatively; as a result; in contrast; first/second/finally; furthermore; however; in addition; in fact; in other words , dentre outras.

Como outras frases adverbiais, a maioria das conjunções adverbiais é capaz de configurar em diferentes lugares dentro de uma oração, isto é, tais conjunções podem ser encontradas no começo, no meio ou ao final de frases independentes, que é exatamente onde surgem.

Livro

Sintaxe da Língua Inglesa

Autora : Dayse Cristina Ferreira da Silva

Editora : SAGAH

Ano : 2017

Comentário : ao longo do segundo capítulo (p. 65-83), você reconhecerá o que é um verbo, um substantivo, um adjetivo, um advérbio, uma preposição, um determinante, uma conjunção coordenada e uma conjunção subordinada em Inglês, além de aprender a organizar frases com as devidas orações coordenadas e subordinadas adequadamente.

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Livro

Linguística Aplicada ao Ensino de Inglês

Autoras : Dayse Cristina Ferreira da Silva, Marlise Buchweitz, Larissa Schmitz Hainzenreder e Aline Gomes Vidal

Ano : 2018

Editora : SAGAH

Comentário : o termo interlíngua foi cunhado pelo linguista americano Larry Selinker após observar que os aprendizes de línguas estrangeiras construíam um sistema linguístico particular, com base na sua língua materna e na língua-alvo. No terceiro capítulo (p. 157-171), as autoras discutem o conceito de interlíngua e o papel da língua materna no processo de aquisição da segunda língua. Será que esse conceito pode nos ajudar a entender por que os alunos da Professora Ana cometeram aqueles erros?

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Conclusão

A aprendizagem sobre distintos fatos linguísticos durante a vida escolar, dentre eles, a classe gramatical das palavras: substantivo, adjetivo, predicado e adjunto adverbial (análise morfológica), somente faz sentido quando visa à contribuição para o desenvolvimento da competência linguística do aprendiz por meio do ensino de aspectos gramaticais de língua inglesa (análise sintática). Isso pode ser compreendido em atividades de leitura, de compreensão e produção de textos, as quais fazem referência às funções desempenhadas por uma dada palavra dentro do contexto oracional.

Assim, no âmago dos estudos de Educação Bilíngue, a morfossintaxe tem como objetivo a prática de análise linguística, promovendo, desse modo, um processo de reflexão crítica sobre a organização do texto escrito/falado. Consequentemente, o aprendiz é estimulado a perceber o texto/discurso como resultado de opções temáticas e estruturais, visando ao seu interlocutor.

Referências Bibliográficas

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